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O LUTO E SUA DOR PSÍQUICA

  • taiscamargopsicana
  • 9 de mar. de 2022
  • 5 min de leitura

Porque Viver o Luto é tão importante para sua Superação?


Quando falamos em Luto, associamos apenas ao processo posterior à morte de um ente querido, no entanto este processo refere-se igualmente à perda de algo significativo na vida de uma pessoa, como uma separação, a perda de um animal de estimação, a perda de um emprego que para esta pessoa era muito importante, invalidez ou a perda de um membro do próprio corpo, diagnóstico de uma doença grave e muitas outras possibilidades que podem causar este sofrimento. Quando isso acontece o indivíduo se vê diante de uma dor psíquica de grande proporção e passa a reagir contra ela com graves afastamentos de suas atividades normais para com a vida, todo o processo de Luto leva um tempo para ser superado e então reconstruir a sua relação com o que foi perdido, ele é doloroso porém necessário para minimizar a Dor que foi instalada.


Tendo em vista que a morte é inevitável e o Luto é um processo de Reação onde as Emoções sentidas são responsáveis por gerar respostas adaptativas e comportamentais para garantir a sobrevivência e sanidade enquanto o enlutado passa por este momento, entende-se que ele é natural e necessário, e cada indivíduo atravessa estas fases de sua maneira e a sua intensidade, no entanto há também aqueles que mesmo tendo momentos de melhoras e de quase aceitação, ainda assim é possível que regrida aos sintomas iniciais quando se depara com situações que o levam para mais próximos do que se foi perdido, em alguns casos como datas comemorativas, locais e/ou lembranças que foram marcantes, cheiros, semelhanças e qualquer outra possibilidade em sentir o desejo de ter ou estar com o objeto amado, e em alguns casos isso acontece várias vezes, por meses ou anos de sua vida. Sabe-se que Freud em seus estudos sobre o luto já pontuava que o luto é um processo natural instalado para a elaboração da perda, que pode ser superado após algum tempo e, por mais que tenha um caráter patológico, não é considerado doença, sendo necessário, onde interferências e não aceitação tornam-se prejudiciais, enfatizando a necessidade que o indivíduo tem de passar por este processo até conseguir atingir a superação deste luto.

A Psiquiatra Elizabeth Kubler-Ross, após anos de estudo publicou em seu livro as fases que um enlutado pode passar durante este processo, no entanto, ela mesmo destaca, que nem todas as pessoas irão vivenciar seu luto de maneira semelhante, na ordem que é apresentada.


“Nosso luto é tão individual como nossas vidas” (Elizabeth Kubler-Ross).


AS FASES DO LUTO APRESENTADAS POR ELA SÃO:


Negação: Quando a pessoa enlutada não acredita nem quer acreditar na possibilidade de ter perdido um ente querido, então é muito comum ela negue a realidade da perda. A negação, neste caso, tem como objetivo do inconsciente a protege-la de uma dor psicológica.
Raiva: O sentimento de raiva vem por não entender a perda e tem como objetivo do inconsciente tentar mascarar emoções como o sofrimento, a tristeza, o ressentimento ou a sensação de abandono. Esta emoção vai perdendo a força quando depois de vivencia-la e perceber quais as emoções que ela está escondendo, permitindo-se sentir todas elas.
Barganha: É quando o inconsciente tenta de alguma forma reverter a situação ou ameniza-la negociando sofrimentos e culpas que poderão surgir. Esta fase tem como objetivo inconsciente a busca de minimizar a dor que já está em um estágio bem avançado devido ao enlutado já ter entendido que o objeto amado não vai mais voltar.
Depressão: É muito importante se ter em mente que depressão aqui não deve ser compreendida como um estado patológico, que requeira a intervenção de medicamentos. A depressão, neste momento, deve ser compreendida como uma reação normal e apropriada após uma grande perda. surgem sentimentos como desinteresse, desânimo, sensação de vazio, de culpa e impotência. É aí que a dor toma conta em um nível tão profundo que desestrutura o indivíduo, é como se isso fosse durar para sempre e isso aumenta o isolamento e consequentemente a dor e o desejo de não continuar seguindo em frente. Entendendo que neste estágio a depressão é natural e quase que inevitável, ela torna-se um dos passos necessários para o processo da cura durante este processo.
Aceitação: É quando o enlutado passa a aceitar que seu ente querido ou o que se foi perdido não está mais entre ele, fisicamente, e/ou que agora as coisas mudaram. É importante estar atento para a ideia de que aceitação não significa que tudo está bem e resolvido. A aceitação propicia que o sujeito passe a encarar sua nova realidade e a dar significado a ela, na medida em que novas relações podem ser estabelecidas e que se possa aprender a viver sem o que se foi.

Vale a pena frisar que nem todas as pessoas irão passar igualmente por estas fases, e nem sempre na mesma ordem, pois a reluta muito comum em não viver o luto faz com que cada um tenha suas ações e reações de maneira única. Também é de igual importância entender que viver o luto se permitindo sentir as emoções causadas pela dor de perder é fundamental para que o enlutado consiga enxergar e entender com mais facilidade todo o funcionamento de sua psique e as reações de suas emoções, isso irá diminuir o tempo de maior sofrimento conseguindo assim chegar com mais clareza e entendimento à aceitação da perda e superação do luto. O trabalho principal da terapia psicanalítica na superação do luto está em acolher o paciente em sua dor e ajudá-lo neste processo.


ALGUMAS ORIENTAÇÕES QUE PODEM AJUDAR NESTE PROCESSO

  • Busque ajuda profissional se sentir que está muito difícil;

  • Permita-se sentir as emoções e as extravase de maneira que te faça sentir melhor;

  • Encontre novas atividades que possam preencher vazios deixados pela perda;

  • Quando estiver preparado, escreva uma carta para o ente querido dizendo a ele sobre seus sentimentos e guarde-a em um local especial, isso é importante para colocar para fora emoções de algo inacabado;

  • Fazer alguns rituais de despedida que não puderam ser feitos como ir ao cemitério, imaginar-se despedindo e conversando e desabafando seus sentimentos, esvaziar armários e separar pertences para doar;

  • Evite ouvir opiniões como: "Não chore senão "ele" não descansa em paz", "Logo você recupera o que perdeu", "Não se importe tanto assim, nem era tão importante para você"... Estas opiniões geralmente vem de pessoas na tentativa de ajudar a não sofrer, mas que não estão dentro do mesmo sentimento, elas colocam sobre estas opiniões conteúdos delas e não o que está em você, então é necessário que suas emoções sejam verdadeiras aos seus sentimentos, só após vivenciá-las que será possível que sejam compreendidas e superadas.

Continuar após uma perda significativa não é tão simples assim, mas é necessário que se permita passar sem interferências ou fugas da realidade, para ir se reestruturando aos poucos e assim criar um novo sentido a Vida.

“O luto nos permite curar, lembrar com amor em vez de dor. É um processo gradativo.

Uma a uma, você vai soltando o se foi e lamenta por elas.

Uma a uma, você mantém as coisas que passaram a fazer parte de quem você é

e constrói de novo”. - Rachael Naomi Remen



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Por Taís Camargo Psicanalista
Conteúdo meramente informativo, todo e qualquer diagnóstico deve ser feito por um médico especialista. Não faça um autodiagnostico, em caso de identificação de um ou mais sintomas, procure ajuda.


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TAÍS CAMARGO - PSICANALISTA

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